YouTube: Estúdios de filmes enriquecem com trailers falsos de IA

António Guimarães -

Alguns dos estúdios de filmes mais famosos de Hollywood estão a ganhar dinheiro através de trailers criados com Inteligência Artificial, carregados no YouTube. Estes trailers, embora falsos e normalmente criados por fãs, geram milhares de visualizações e inevitavelmente, receitas em anúncios.

Essas receitas são então recolhidas pelos estúdio quando, na verdade, deveriam ser feitas reivindicações de direitos autorais. Contudo, estúdios como Warner Bros., Paramount, Sony Pictures e Discovery preferem recolher os lucros, contra a vontade dos sindicatos de atores. Afinal, os trailers gerados contém informação facial dos atores envolvidos, sem a sua autorização.

Screen Culture e KH Studio são dois de alguns canais que publicam trailers falsos, criados por Inteligência Artificial. O SAG-AFTRA, o maior sindicado norte-americano de atores, está a criticar bastante os estúdios por esta prática, onde os atores são prejudicados por aparecerem nos trailers de forma digital e sem consentimento.

Ferramentas de IA facilitam a criação de vídeos falsos

Com ferramentas de criação de vídeo como Sora (OpenAI) e Veo (Google), é cada vez mais fácil gerar conteúdo artificial. O YouTube está a ficar saturado de conteúdo gerado por IA. Os mencionados canais Screen Culture e KH Studio já amealham mais de 1.4 mil milhões de visualizações e mais de um 1 milhão de subscritores.

Alguns dos trailers falsos gerados por IA

Os trailers são criados através da fusão de conteúdo já existente de filmes ou séries e de conteúdo gerado por Inteligência Artificial. Muitos dos trailers são baseado em filmes vindouros que já tem trailers. Já outros fingem ser trailers de conteúdos que não existem, baseados em propriedades intelectuais já existentes.

No entanto, assim que saiu uma reportagem sobre o assunto no Deadline, um site de notícias sobre Hollywood, o YouTube desativou a monetização desses canais. Foi preciso haver uma reportagem a expor a situação, mais as reclamações dos sindicatos, para o YouTube tomar ação sobre algo que já sabia existir na plataforma.