“Moon Music”: uma análise do álbum dos Coldplay, 3 Meses depois do lançamento

Colocar um novo álbum dos Coldplay em 2024 e compará-lo aos seus primeiros trabalhos é um exercício de pura frustração. A banda, outrora capaz de criar hinos emocionantes, tornou-se especialista em produzir música grandiosa, concebida para ecoar em estádios e arenas gigantescas. Porém, ao traçar a linha da sua carreira, o que se observa é uma lenta rendição criativa a uma fórmula vazia e desinspirada.

Depois de Music of the Spheres (2021) — criticado tanto pelo público como pela crítica, mas ainda resgatado pela ambição da faixa “Coloratura” —, os fãs podiam contar com relances de genialidade que lembravam a era dourada dos Coldplay. Nem mesmo álbuns menores, como A Head Full of Dreams, escapavam de um momento de brilho, como “Adventure of a Lifetime”. Contudo, Moon Music quebra essa tendência, apresentando-se como um álbum insípido e desprovido de alma, capaz apenas de provocar a sensação de estar perdido num centro comercial durante 45 minutos desorientadores.

No seu novo trabalho, Coldplay navegam entre a inofensividade e a vendibilidade de uma forma tão zelosa que a coleção de músicas deixa quase nenhuma impressão. A exceção talvez seja o single “feelslikeimfallinginlove”, ligeiramente memorável. Fora isso, a maioria das faixas soa como música genérica sem direitos autorais. Exemplos como a estéril “JUPiTER” ou a banalidade de “Rainbow Emoji” remetem mais a intros de vídeos no YouTube do que a um álbum de uma banda que marcou gerações. As tentativas de soar mais animados em “iAAM” ou “GOOD FEELiNGS” resultam numa mistura sem alma do som de X&Y com ecos bizarros de Whitney Houston e Chainsmokers.

Mesmo as mensagens de unidade e cooperação, que parecem ser o foco conceptual desde Music of the Spheres, perdem força ao serem envoltas em letras vazias e produção preguiçosa. O ponto mais baixo chega com “WE PRAY”, uma confusão eletrónica que se destaca como uma das piores faixas do ano.

Moon Music não é apenas esquecível; é irritante na sua pretensão. Paradoxalmente, o maior feito deste álbum pode ser unir fãs e críticos no consenso de que, três anos depois, os Coldplay estão mais perdidos do que nunca.

Como fã dedicado dos Coldplay e admirador dos incríveis espetáculos que a banda proporciona, é profundamente destroçante assistir a este declínio de qualidade que parece diluir a essência criativa que outrora os definiu.