Os smartphones leves e de “reduzidas” dimensões são cada vez mais caros, independentemente da sua gama. Infelizmente, parece que as marcas não se podiam importar menos com os utilizadores que simplesmente procuram um aparelho prático para o dia a dia, fácil de manusear e transportar no bolso. A maioria dos telemóveis lançados nos dias de hoje são tudo menos isso e não é raro apelidá-los de “tablets” ou “tijolos”.
Compreendo que uma boa parte do público aprecie ecrãs grandes, que, verdade seja dita, são ideais para a visualização de conteúdo. O problema é que não faltam opções no mercado para esse perfil de utilizador, enquanto que nós, saudosistas das 5 polegadas, vemo-nos quase encurralados quando chega a hora de adquirir um novo dispositivo móvel.
Este problema é transversal a todas as gamas. Na gama de entrada, existem inúmeros modelos de pequenas dimensões mas raramente são esses a escolha ideal. Por exemplo, o Redmi 8A e Redmi 8, que seriam os dispositivos mais interessantes para quem procura algo básico e acessível, trazem um ecrã de 6.2 polegadas, o que está longe de poder ser considerado “pequeno”. Na gama média, tamanhos entre 6.2 a 6.5 polegadas já se tornaram comuns e a gama alta segue o mesmo padrão, com a “agravante” de já haver vários smartphones com 6.7 polegadas ou mais. Exemplo disso são os recentemente lançados Xiaomi Mi 10, Samsung Galaxy S20+ e S20 Ultra, este último já com 6.9 polegadas.
Outra questão prende-se com o peso dos smartphones, obviamente relacionado com o aumento do seu tamanho mas não só. Neste caso, sou obrigado a fazer uma menção honrosa à Samsung, uma das poucas marcas que tem lançado smartphones leves para o mercado, quer na gama média, quer na gama alta, e ainda uma das poucas que tem apresentado topos de gama com dimensões comedidas, como o Galaxy S10, S10e e S20.
Muitos podem desculpar os pesos excessivos de alguns smartphones pela inclusão de baterias de grande capacidade, mas a partir do momento em que a Samsung consegue desenhar um dispositivo de 163g com uma qualidade de construção assinável e uma bateria de 4000mAh, não há motivo para outros com características semelhantes ultrapassarem o patamar dos 200g. Construção “mais premium do que o premium”, mecanismos físicos ou baterias de 5000mAh não justificam, para mim, carregar um smartphone menos confortável durante todo o dia.
Ultimamente, o paradigma dos dispositivos móveis começou a assemelhar-se ao dos automóveis: “quanto maior, melhor”. Isto até que um dia se perceba que as vias rodoviárias e os lugares de estacionamento não têm capacidade infinita, nem os bolsos onde transportamos os telemóveis, nem as nossas mãos! Mas este ciclo não é nada de novo: primeiro a carência, depois a expansão, depois o exagero e finalmente o tomar de consciência que é necessário parar.
No caso dos smartphones, a implementação de novos formatos de ecrã e o consequente melhor aproveitamento da parte frontal serviu de catapulta para o aumento das suas dimensões. Seria mais do que bom manter os tamanhos que vigoravam no mercado e simplesmente reajustar as dimensões dos ecrãs para preencher o espaço ocupado pelas margens, mas ao que parece ninguém pensou assim e agora estamos na iminência do desaparecimento dos dispositivos compactos.
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